Sociedade Brasileira de Hérnia explica reconstrução da parede abdominal feita em Bolsonaro

Crédito: Reprodução/Arquivo Pessoal

A parede abdominal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava bastante danificada e precisou ser reconstruída durante cirurgia a que ele foi submetido, no último domingo (13).

A informação, presente no boletim médico, foi confirmada pelo cirurgião responsável pelo tratamento, Claudio Birolini. “Era um abdome hostil, com múltiplas cirurgias prévias e aderências que causaram um quadro de obstrução intestinal e uma parede abdominal bastante danificada em função da facada”, afirmou em entrevista coletiva.
 

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal, Dr. Gustavo Soares, a reconstrução da parede é um procedimento complexo que tem, entre suas causas, múltiplas incisões em cirurgias anteriores e hérnias da parede abdominal. Bolsonaro já realizou dois procedimentos para tratamento das hérnias, em 2019 e 2023. “Ele provavelmente teve uma recidiva da hérnia e uma sequela que chamamos de aderências intra abdominais, que é o tecido de cicatrização. O quadro de oclusão de intestino apresentado pode ser causado tanto pela hérnia que voltou, quanto devido às aderências que estão dentro do abdômen. Muitas vezes é impossível determinar de onde vem a obstrução”, explicou.
 

Para a resolução adequada do caso e recuperação do paciente é essencial realizar o tratamento das duas possíveis causas. “Na cirurgia trata-se tanto as aderências quanto a hérnia, com a reconstrução da parede abdominal. Isso porque, caso façamos o tratamento apenas de uma das causas, existe o risco de que o problema intestinal se repita”.

Dados 

As hérnias da parede abdominal são comuns na população e chegam a afetar entre 20% e 25% dos adultos, o que representa, em média, 28 milhões de brasileiros. Existem diferentes tipos de hérnias abdominais, entre elas: a incisional, que atinge o local da cicatriz de uma cirurgia anterior – como é o caso de Bolsonaro – a inguinal (na virilha), umbilical e a epigástrica (acontece um pouco acima do umbigo).

RECUPERAÇÃO DA CIRURGIA DE RECONSTRUÇÃO ABDOMINAL

Com as atuais tecnologias disponíveis na medicina é possível realizar a reconstrução da parede abdominal de formas minimamente invasivas, com a videolaparoscopia e a cirurgia robótica, que permitem uma recuperação e alta hospitalar precoce, além de reduzir o risco de complicações pós-operatórias.

Gustavo Soares esclarece que, apesar de serem muito vantajosas e ter alto índice de indicação, essas tecnologias não podem ser utilizadas em todos os casos. “Algumas vezes a reconstrução só pode ser feita de maneira adequada com uma cirurgia aberta, com grande incisão, o que exige mais tempo de internação hospitalar e de repouso para a adequada recuperação do paciente”.
 

Dados levantados pela SBH através do DataSus apontam que foram realizadas, no Brasil, 349.968 cirurgias de hérnia da parede abdominal, em 2024, através do Sistema Único de Saúde (SUS). Do total, 38.665 (11%) foram de urgência e 311.300 cirurgias eletivas. Em dois anos, o total de cirurgias realizadas pelo SUS de forma minimamente invasiva (com pequenas incisões e recuperação mais rápida para o paciente foi de 4.358, ou 0,62% do total.

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